Masmorra Onírica: O Sonho inspirador

Antigamente, quando era uma pessoa muito mais insegura do que sou hoje, sonhava sempre que estava em um prédio muito antigo (ou qualquer construção que aquilo fosse) e não encontrava a saída. Um lugar cheio de escadas, escadas rolantes, portas, e elevadores, que levavam a mais portas, escadas, elevadores, escadas e escadas rolantes, como um grande labirinto onde apenas subo e quando olho para baixo já não vejo mais o chão ou paraliso de medo ao olhar para o piso gradeado de uma imensa escadaria e enxergo oitanta andares de escadas através dele. Enfim minha própria masmorra onírica (incrível como a imagem de Escher a representa bem).

Com o tempo parei de ter esses sonhos, que na verdade eram quase pesadelos, mas é inesquecível a sensação de desespero e confusão que sentia, perdido e sozinho, vagando sem rumo por corredores intermináveis, buscando uma saída que só vinha até mim na forma do despertar. Então eu acordava, olhava para meu quarto e me sentia aliviado por saber o que esperar ao abrir a porta ou a janela.

Vez ou outra ainda volto para minhas masmorras oníricas (e cada vez que entro elas se tornam mais e mais bizarras de forma que seria uma falta de pudor descreve-las aqui), mas não acordo mais aliviado como antes, as vezes preferia estar preso nelas do que preso as escolhas desta vida, mas nunca deixo de pensar sobre o significado simbólico que esses estranhos sonhos me trazem. Fascinante como nós criamos nosso próprio labirinto, nossas próprias masmorras e nos perdemos dentro de nossa própria mente, enganando a nós mesmos, criando portas onde deveriam existir saídas e ficamos presos em um lugar que nós mesmos criamos, somos engolidos por nossa própria criação, dominados e subjulgados por nossa própria mente.

Espero um dia vencer minha masmorra onírica, abrir uma porta e chegar até o seu fim e lá compreender o que minha mente tanto esconde de mim mesmo, mas até lá ainda tenho muitos corredores para percorrer, portas para abrir e escadas vertiginosas a subir.